A volta do LSD aos laboratorios

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7 Окт 2017
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Entre 1974 e 2009, um periodo de 35 anos, cientistas foram proibidos de estudar os efeitos do
. Poucos sabem, mas entre 1950 e 1974 essa molecula foi estudada em diversas universidades e usada no tratamento de diversas doencas. Mas agora o LSD voltou a ser estudado e tudo indica que algum dia ele chegara as farmacias.
Tudo que acontece em nosso corpo e mediado por moleculas quimicas. E por isso que as estantes das farmacias estao cheias de caixinhas com moleculas capazes de modificar o funcionamento de nosso corpo. Grande parte dessas moleculas altera o funcionamento do corpo sem que nossa mente perceba o que esta acontecendo. Um exemplo sao as estatinas, que diminuem a quantidade de colesterol no sangue; outro sao os medicamentos para diabete.
Outras moleculas agem sobre a mente e fazem desaparecer temporariamente nossa consciencia, a percepcao de existirmos, o que os filosofos chamam do “eu”. Exemplos sao os anestesicos gerais. Quem ja tomou uma anestesia geral sabe que por algumas horas o que chamamos de “eu” some, e so volta quando o efeito passa. Alem disso existem as moleculas que alteram a maneira como o “eu” lida com si proprio, com o resto do corpo e com os sinais recebidos do meio ambiente. Essas moleculas incluem os ansioliticos, os antidepressivos, os estimulantes e as moleculas que chamamos de drogas, como o alcool e a cocaina. Mas sera que existem moleculas que afetam a maneira como percebemos nossa existencia, ou seja, moleculas que afetam diretamente a natureza do “eu”
Em 1938, um cientista chamado Albert Hofmann, que trabalhava na empresa farmaceutica Sandoz, sintetizou uma molecula aparentemente inocua que ficou na estante ate 1943. Foi quando Hofmann acidentalmente ingeriu a substancia e percebeu que ela agia sobre a percepcao que temos de nossa identidade, causando alucinacoes poderosas. Entusiasmada, a Sandoz comecou a produzir a substancia e incentivou muitos grupos de pesquisa a estudar possiveis usos para esse composto que parecia promissor.
Entre 1950 e 1974, um grande numero de trabalhos cientificos demonstrou que as alucinacoes causadas por essa substancia ajudavam pacientes com problemas de alcoolismo e depressoes resistentes aos tratamentos existentes. Outras triptaminas, como o psilocybim, pareciam ter efeitos semelhantes. Esses estudos iniciais sugeriram que, em vez de alterar a maneira como nossa mente (o famoso “eu”) interagia com os sentidos e com outras funcoes da mente, essas novas moleculas alteravam a propria natureza do que chamamos da consciencia de nos mesmos (o tal “eu”). Alem disso essas moleculas pareciam nao ter efeito sobre outros sistemas do corpo e nao causariam dependencia.
Foi por volta de 1953 que os cientistas descobriram que compostos semelhantes, tambem triptaminas, estavam presentes em nosso cerebro, onde fazem o papel de neurotransmissores (a serotonina e uma triptamina). Alem disso, foi descoberto que muitas triptaminas sao o composto ativo de plantas e cogumelos que causam alucinacoes e sao utilizadas por diversas culturas em rituais religiosos.
A partir de 1965, o uso dessas substancias escapou dos laboratorios e do controle governamental. Muitas pessoas que passaram a consumir o LSD ficaram fascinadas. Isso coincidiu com os movimentos estudantis de 1968 e a
, o que levou multidoes de jovens a experimentar o LSD. Em 1974, preocupado com os efeitos dessa substancia e imaginando que ela era uma das causas das revoltas estudantis, o governo americano tomou uma medida radical: proibiu seu uso e descontinuou todos os programas de pesquisa. A Sandoz parou de produzir e o LSD se tornou uma droga ilegal.
Durante as decadas seguintes, um grupo de cientistas que acreditava no potencial terapeutico dessas moleculas travou uma luta de trincheiras para liberar novamente os estudos. Tiveram sucesso e em 2009 os estudos cientificos recomecaram.
Agora, um novo livro relata a historia cientifica dessas moleculas, o que havia sido descoberto antes da proibicao, as duvidas que atormentavam os pesquisadores, seus efeitos e todo o processo que levou a proibicao das pesquisas. O mais interessante e o relato do que foi descoberto desde 2009. Diversos estudos, com centenas de pacientes, tem demonstrado que o LSD e o psilocybim podem ajudar pessoas com depressoes resistentes a medicamentos, alcoolatras, e principalmente pacientes com cancer terminal.
Isso tudo sem falar da possibilidade de usar essas moleculas para entender esse processo mental que chamamos de consciencia e a natureza do que chamamos de “eu”. O mapeamento das mudancas causadas por essas triptaminas no cerebro de pessoas saudaveis tem ajudado os cientistas a entender as areas do cerebro envolvidas no surgimento da consciencia e do senso de identidade.
Testes clinicos ja estao em andamento, mas ainda e cedo para saber se essas triptaminas serao reconhecidas como tratamentos efetivos para as diversas doencas que estao sendo investigadas. Ate agora os resultados sao considerados animadores. Caso essas descobertas se confirmem daqui a algumas decadas, teremos caixinhas de LSD e psilocybim nas prateleiras das farmacias.
Enquanto isso nao ocorre, uma pesquisa de 2007 constatou que 10% da populacao americana ja tomou LSD uma vez na vida e 0,7% toma LSD todos os anos.
MAIS INFORMACOES: NO LIVRO DE MICHAEL POLLAN, HOW TO CHANGE YOUR MIND, PENGUIN PRESS (2018)
*E BIOLOGO
 
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